quarta-feira, julho 21, 2010

doidices...

Estou muito cansado. À espera de um milagre qualquer, que alguma coisa ou alguém que me rescuscite dos quase mortos de cansaço. Ontem à noite caminhei para casa, arrastei-me para casa (talvez seja mais justo dizê-lo assim), empurrado por não sei quantas estrturas de transporte de passageiros nacional, à mercê delas, das companhias de transporte, que não dialogam, que não se articulam, numa seqência de esperas que, como diz o povo, não matam mas móiem, embora eu pense que matam, e matam muito.

E numa dessas paragens a que fui sendo forçado, longa a paragem e longa a morte, li. Procurei os jornais locais, os do norte carago, e folheei-os com duplo sentido: para matar, eu mesmo, o tempo que faltava passar e que as companhias teimavam em dilatar; e para saber o que acontecera no entretanto.

E li.

Por exemplo, que a câmara do Porto, talvez a sua assembleia municipal, recusara a proposta - não percebi de quem - de dar o nome do escritor José Saramago, a uma rua tripeira.

Francamente, não prcebi o argumento da recusa, tão escandalizado fiquei com ela, assim simplesmente.

A autarquia tripeira, é certo, que não pára de me surpreender. No plano cultural, então, tem sido um fartote.

Mas isto...

Na mesma linha da lógica da ausência presidencial no funeral do escritor acontecido recentemente, esta liminar recusa vinca o extremismo de que somos capazes, já não apenas circunscrito à vida das pessoas, mas muito para lá dela. Se a mim não me escadalizou a ausência cavacal nas cerimónias fúnebres de Saramago – afinal a presidência da república esteve representada – já a esfarrapada desculpa sim, era ofensiva e merecia tau-tau.

E agora isto. Mesmo que lhe desconheça os agumentos arredondados, que os há-de ter. E talvez conclua, daqui a uns tempos, que são piores as razões para a recusa, que a recusa, ela própria. Que nisto, as instâncias políticas têm a capacidade suplementar da superação.

Somos um país singular, concluo. Capaz das coisas mais contraditórias. Somos o país de Saramago, para usar este caso recente, e dos que o não toleram, nem depois da morte.

Se este também é o glorioso pais que somos, o glorioso pais que temos, é também a mágica nação em transformação constante, cantante, cantada mas mal vivida, exaltada, burgessa, opaca, cinzenta, mesquinha, mosquinha morta, invejosa, tendenciosa, pequenina, achincalhona, vingativa, anã (com o respeito todo pelos amigos mais pequenos em fisicalidade que não em carácter, que é o que ela é), provinciana, parola, e sei lá que mais.

Mas não há ninguém que lhe baixe as calças e lhe dê meia dúzia de açoites no rabo?