a praga
Confesso que cheguei a pensar que este ano não resistia à praga dos pais natais pendurados em tudo o que era superfície. Para onde quer que me voltasse, só via aqueles seres vermelhuscos trepando, trepando, trepando, ou parede acima ou em busca de qualquer telhado, por mais íngreme que fosse, em direcção a um qualquer sítio impossível. Desse lá para onde desse, até para nenhures, eles lá iam, com um saco às costas, arriscando escaladas impensadas, a caminho sabe-se lá de quê. Alguns tinham luz própria, outros trepavam numa escada iluminada que às vezes se acendia e outras se apagava, ora ritmadamente, ora sem ritmo aparente que não fosse aquele que ilustrava a intrepidez da façanha e, já agora, sejamos honestos, a estupidez do gesto. Outros estavam em degraus tortuosos, subindo escadas iluminadas e no momento seguinte em que chegavam ao topo, retornavam ao ponto de partida e assim penavam toda a noite, e noite após noite toda a vida, em subidas sem nexo e sem aparente (e desaparente) sequência. Que faziam os pais natais arriscar escaladas para telhados deschaminézados, em prédios com aquecimento central? E depois havia-os de todos os tamanhos: ridiculamente pequenos; maiorezinhos, mas na dioptria da distância, mais pequenos que os mais pequenos; havia-os grandes e espalhafatosos; havia-os de plástico e de outros materiais; etc…
Pior, muito pior que a gripe das aves (que de terrível ameaça, passou a esquecimento propositado – será que já foi vendido todo o stock da vacina, e já não há mais negócios a fazer, pelo menos por enquanto?), a epidemia (ou pandemia) dos pais natais alpinistas made in china, foi mais barulhenta que o próprio barulho e incomodou meio mundo.
Só espero que não lhes aconteça o mesmo que às bandeiras nacionais, que permaneceram nas janelas de algumas casas até se desfazerem em fiapos descoloridos, havendo ainda alguns sinais (felizmente poucos, cada vez menos) da praga que nos assolou em tempos, à pala do europeu de futebol.
Nesta época natalícia, pior, só mesmo o Natal dos Hospitais.
Pior, muito pior que a gripe das aves (que de terrível ameaça, passou a esquecimento propositado – será que já foi vendido todo o stock da vacina, e já não há mais negócios a fazer, pelo menos por enquanto?), a epidemia (ou pandemia) dos pais natais alpinistas made in china, foi mais barulhenta que o próprio barulho e incomodou meio mundo.
Só espero que não lhes aconteça o mesmo que às bandeiras nacionais, que permaneceram nas janelas de algumas casas até se desfazerem em fiapos descoloridos, havendo ainda alguns sinais (felizmente poucos, cada vez menos) da praga que nos assolou em tempos, à pala do europeu de futebol.
Nesta época natalícia, pior, só mesmo o Natal dos Hospitais.
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