sexta-feira, dezembro 02, 2005

o teatro circo outra vez

Li, há bocado, no Correio do Minho, que num destes últimos dias, a ministra da cultura esteve de visita ao Teatro Circo.
Ou ao que já há de Teatro Circo.
E que, na ocasião, a senhora ministra, muito agradada com a qualidade das obras realizadas, garantiu ao senhor presidente da Câmara, dinheiro para a programação. Fantástico. Parece que é a promessa recorrente do ministério em casos similares. Guimarães e Palácio Vila Flor incluído. E se for assim, já não é mau de todo.
O senhor presidente, por seu turno, garantiu à ministra que as obras, embora atrasadas dois ou três meses (ai Jesus) em relação à data apontada como a da abertura, estavam a seguir muito bem, muito escrupulosamente, quase artesanalmente, dado o melindre das operações. Ou seja: antes das eleições autárquicas, o senhor presidente, no momento em que abria/inaugurava o hall do Teatro à curiosidade dos bracarenses, e as escadas que dão acesso ao salão nobre, e o próprio salão nobre ainda a cheirar a tinta (pudera, as senhoras contratadas para restaurar a talha dourada - é curioso que, muitas delas, eram alentejanas… e que as escolas onde se ensinam estas técnicas, são requentadas maioritariamente por mulheres… - ainda mal tinham dado tempo a que arrefecesse as paredes…) prometera que o espaço, na sua totalidade, estaria pronto para ser usufruído, em Fevereiro.
Antes, era em Novembro, a tempo, portanto, das eleições. Depois foi Dezembro, mas essa data era irrelevante. Fevereiro já só foi um mês apontado, uma data como outra qualquer.
Agora, perante a ministra e perante as garantias de financiamento de parte da programação por parte do Estado, o presidente apontou os meses de Maio ou Junho, como sendo os da abertura.
(E aqui importa pensar um pouco no que isto pode querer dizer: As obras ficam concluídas nessa altura? Os muitos equipamentos técnicos já estarão instalados nessa altura? O teatro abre as portas com programação anunciada e espectáculos em cena? Lembro que em Dezembro, ainda não está decidido qual o modelo de gestão do Teatro Circo: se fundação, se empresa municipal, se integrada numa empresa já existente, ou se sociedade anónima. Isto, a avaliar pela notícia do jornal.)
Ou seja: a ser assim, o Estado ajuda nas despesas de programação, mas só para metade do ano, de Junho em diante. Ora como eu não acredito que as definições de gestão estejam resolvidas nessa altura e, por isso, realizado um desenho qualquer de programação, o teatro equipado e etc, podemos pensar que o Teatro Circo se há-de adiar até que surja uma data redonda qualquer que valha a pena celebrar com pompa.
É terrível não se ter uma data para apontar com alguma segurança. Mas se assim é, porque é que insistem no seu engano e no nosso logro?