sexta-feira, dezembro 02, 2005

presidenciais

Não tenho nada a certeza que esta pré-campanha, e posterior campanha eleitoral, aconteça assim calmamente, todo o tempo que falta percorrer até ao momento de botar. Ná! As coisas estão demasiado moles, demasiado mornas. Estão muito mais moles que nós, os anjinhos pórtugas, conhecidos pelo seu andar anestesiado. Qual país de grandos costumes, qual quê. Nós somos é o país do lexotan.
Talvez que a anestesia seja mais evidente porque haja uma candidatura em estado claro de vantagem sobre todas as outras. Não sei. Isto – é claro – a acreditar nas sucessivas sondagens realizadas por empresas várias que vão medindo as intenções de voto dos portugueses anémicos, intoxicados.
Ora, essa vantagem, traz uma falsa calma às acções políticas, nomeadamente às candidaturas, que muita gente entende como o primeiro gesto democrático que há: candidatar-se.
(Lérias)
Claro que a democracia se pratica na actividade política, ou a partir da actividade política, sendo que essa actividade deveria fundar-se no tabuleiro das convicções, da ética do pensamento, da consciência social, partilhado com as outras correntes do pensamento igualmente democrático, ou seja, debatido, discutido, de modo a propiciar uma total partilha de informação que clarificasse as ideias plurais (a ideologia advirá daí, creio) e, a partir dessa consciencialização, da posterior clarificação das acções a implementar que corporizarão essa mesma ideologia, esse pensar prático da pátria e dos portugueses, no caso.Ora, acontece que o que neste momento se discute, é tudo (ou nada, depende do ponto de vista), menos o que deveria verdadeiramente discutir-se. Caramba: eu quero lá saber a idade do senhor a); eu quero lá saber as doenças do senhor b); eu quero lá saber se o senhor c) espuma da boca; eu quero lá saber se o senhor d) ressona ruidosamente de noite; eu quero lá saber se o senhor e) cheira mal dos pés; O que eu queria saber é o que é que os senhores candidatos pensam de Portugal e dos portugueses e o que é que estão dispostos a fazer, dentro das suas competências, para resolver os nossos (e os meus) problemas. Nós só queremos é ser um bocadinho mais felizes. E que os que são infelizes (e são tantos) e têm vidas miseráveis (e são ainda mais), experimentem como a vida pode ser mais interessante e melhor vivida.
O que eu queria, era que os candidatos a qualquer cargo na administração pública me dissessem, o que é que pensam fazer para nos ajudarem a viver um pouco melhor. Isso é que era boa ideia. Agora, aproveitar esta campanha para dizer que precisam do apoio das pessoas - das mulheres e dos velhos - para serem presidentes da república, ou porque os outros candidatos são perigosos, ou porque sabem mais que os outros; ou para fixar eleitorados, ou por razões patetas e perversas que não têm nada a ver com Portugal, mas sim com estratégias de poder, parece-me muito pouco.