quinta-feira, junho 02, 2011

É para o que servem, os hoteis.

Vai-se lá dormir uma noite, às vezes apressadamente, outras nem por isso, e faz-se com quem se tem à mão, o que se tem de fazer, na presunção de que, o que tem de ser tem muita força. O homem forte do FMI não foi o primeiro nem será o último. No que toca a homens poderosos, seja por que razão for, muitos há a quem a tentação tocou e cuja resposta acusou positivo nos testes da decência.

Diz-se que, com o seu desaparecimento político (e técnico), fenece um dos fortes aliados dos portugueses e dos gregos. O mesmo já não dizem, presumo, as empregadas dos hoteis. Pelo menos aquelas a quem a decência importa, apesar das gorjetas à FMI.

Quem pode agora - agora ou depois - vir a terreiro ser acusado de violação, ainda que desejada e, consequentemente consentida, é José Socrates, Passos Coelho e Paulo Portas, mesmo que se não importe, ou se importe de menos.

Antes deste escândalo, porém, o que reinava, o que se instalava no pico da nossa atenção, era Braga. A cidade velha, mais velha que a Sé, estava a fazer a festa, ou as festas, que nesta coisa de alegrias, as festividades são como as cerejas: vêm aos pares. Primeiro a passagem do Sporting de Braga à final da Liga Europa derrubando o poderoso Benfica de Lisboa; e depois a inauguração do novo hospital que, honra lhe seja feita, começou a funcionar na hora marcada.

Por curiosidade pessimista à laia do bom português, habituado a ver todas as etapas fracassarem, todos os prazos implodirem, todas as datas adiadas, marquei na minha agenda o dia da inauguração do monstro e as ameaças nada veladas de formidáveis pedidos de pagamentos por danos, que a administração do hospital ia soltando a propósito dos atrazos na edificação dos acessos.

O Hospital foi inaugurado, mas os acessos não. Não estão concluídos. Estão começados. Alguns mal começados, outros longe de estarem concluídos. Nem tão pouco a sinalização do equipamento, o que tem levado inúmeros automobilistas a naufragarem na desinformação existente.

O hospital é, por enquanto – e não sei se não teria de ser forçosamente asim – uma fonte de dores de cabeça, e não um alívio para elas. É uma doença e não a sua solução balsamica.

Aguardemos pelas taxas moderadoras. Que a violação, sabemo-lo, é apenas uma questão de intensidade.