quarta-feira, julho 13, 2011

curiosa contradição: uma matiné das duas, às nove e meia da noite

Este fim-de-semana, o Sindicato de Poesia apresenta-se na casa rolão, e apresenta-nos uma reflexão vagamente performativa sobre o cinema.

Desfiar-se-ão, como num rosário breve, uns quantos poemas dos mais diversificados autores, que terão como denominador comum, precisamente o cinema, nos seus muitos presságios e arrepios: ora um poema lidará com a memória de um actor ou de uma actriz, nesta ou naquela valência; ora o poema falará de um filme e da memória que ainda hoje ecoa no poeta; ora tratará de trazer luz a uma memória longínqua de uma ida ao cinema; e por aí adiante, nos calafrios que o cinema nos deixa, a todos os que frequentam as salas escurecidas, nas memórias que nos animam e nos alimentam.

No ano passado, o Sindicato tinha já começado a tratar das artes, iniciando o percurso pela pintura, numa espécie de residência artística no Museu Nogueira da Silva.

O cinema, na impossibilidade de uma cabine de projecção ou de uma sala antiga carregada de história e de memórias projectadas, recolhe-se à Casa Rolão, paredes meias com a livraria Centésima Página, com quem partilha até a porta de entrada, e na encruzilhada dos livros, projecta-se, luz e poeira coada, na tela esmaecida daquele primeiro andar, convocando tantos filmes e tantas memórias quantas as que cabem na capacidade que o Sindicato tem de fazer as coisas, mesmo asim, de forma amadora, palavra que na sua genese significa ‘aquele que ama’.