sexta-feira, setembro 23, 2005

o teatro circo

Peguei num dos jornais diários de Braga, li, e por via das dúvidas, fui a correr ler o outro. Não havia dúvidas. Diziam basicamente as mesmas coisas e assim sendo, das duas três: ou foram escritos pela mesma pessoa, o que não é possível - a ética a ética oh a ética; ou os dois jornais tinham estado ambos no mesmo sítio e visto as mesmas coisas, ouvido as mesmas palavras e tomado nota das mesmas informações; ou a notícia foi enviada pelo gabinete de imagem e propaganda da Câmara Municipal, portanto re-escrita por jornalistas diferentes em distintas redacções, mas com origem na mesma oficina.
Contudo, depois de aturada reflexão, concluo que é a segunda a opção certa. Até tinham fotografias diferentes e tudo...
Assim sendo…
Relembro:
O Teatro Circo abre a 1 de Outubro.
Olé! Mas então não abria apenas em Fevereiro? Eu bem andava a dizer que, ou o TC (de Teatro Circo, e não de Tribunal Constitucional, esclareça-se) abria antes do dia 9 de Outubro, ou não valia a pena abrir em Fevereiro. O melhor era esperar por uma oportunidade mais redondinha, uma eleição qualquer... Já agora, fazia-se um esforço, porra. Já vi tantas obras serem inauguradas ao sprint, porque é que o TC não havia de ser uma delas?
Ah, lá está. O que abre é o hall e o salão nobre. E as escadas de acesso ao andar de cima. E o respectivo corrimão pintado.
Ah! Ainda há mais. Podem espreitar, de um camarote, o andamento das obras dentro da sala.
Bolas! Só podem é ser doze de cada vez. Que chatice. Estava tudo a correr tão bem. Bom, lá terá a autarquia de abrir o TC vinte e quatro horas por dia. Pelo menos até ao dia 9. E as visitas não podem exceder os 120 segundos. É subir as escadas, espreitar para a sala, cheirar a tinta, apanhar uma pedra e sair dali. Pronto… É o que se pode arranjar.
Que os bracarenses estão com saudades do TC, disse o presidente, e assim podem acompanhar a empreitada e matar as danadas.
E disse mais: que não tem receio de ver esta medida achincalhada na praça pública. Que está em campanha desde 1976 (acho eu. Estou a escrever de cor. Os jornais eram do café).
O que não tem é certezas nenhumas quanto ao funcionamento da casa. Tem ideias mas não avança com nenhuma antes de falar com a ministra da Cultura.
Eu acho que o TC pode ser tudo. Por exemplo: porque não passar para lá as bancas que sobreviviam no mercado do Carandá, quando o Mercado do Carandá pretendia ser um tradicional mercado de venda ao público? Já que transformaram aquele equipamento em mercado cultural, e para equilibrar a balança, transforme-se o TC num Bolhão bracarenses, num monumento cheio de história.
Mas não é tudo. Mesmo não sabendo como é que aquilo (com todo o respeito) vai funcionar, sabe que vai funcionar melhor que a Casa da Música. Ninguém tem dúvidas. E se não funcionar melhor que o Calhau da rotunda da Boavista, a culpa nunca será do Presidente bracarense. Afinal de contas ele gastou ali mais de 20 milhões de euros. Mais do que seria necessário para fazer de raiz uma casa de espectáculos, disse. Eu, que não sou engenheiro, sou um reles actor, - uma peixeira que espera que lhe deixem estender o cabaz no TC quando o TC funcionar -, diria que é mais do que construír de raiz quatro casas de espectáculos. Mas são contas minhas que não sei justificar. Afinal de contas sou actor.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

há mais de 30 anos que praticamos uma rigorosa dieta cultural e desportiva,interrompida nos dias S. Campanha, pela inauguração de uma ciclo via (que além de dispendiosa é extremanente perigosa)e pela concessão de visita de parte do Teatro Circo. Certamente,a população obesa e cerebralmente anoréxica, agradecerá ao seu grande benemérito MM, o manjar dos deuses com mais um voto de confiança.

2:33 da manhã  

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