febres amarelas
Isto
tem sido um fartote.
Na
mesma semana, o ABC ganhou uma competição internacional em andebol, e o
Sporting de Braga venceu a taça de portugal em futebol. O ABC frente ao
benfica; o Sporting de Braga frente ao Futebol Clube do Porto. O ABC no
pavilhão flávio sá leite; o sporting de braga no estádio do jamor.
Ambas
as equipas foram recebidas na camara municipal, e receberam, nesse gesto, as
honras da autarquia e, através dela, da cidade.
Uma cidade que imediatamente a
seguir se fez romana, homenageando o caracter guerreiro destas equipas. Parecia
de propósito.
Tratou-se
de dois acontecimentos desportivos, que merecem figurar na história da
cidade, e que
a engrandecem de uma determinada maneira.
Agora precisa-se
urgentemente de
alguém que fixe em
literatura,
tais
gloriosas conquistas. Pode nem ser um autor reconhecido. Pode ser, tão somente,
um daqueles autores-fantasma
de que as noticias das nossas letras nos dão conta. Um autor que esteja por detrás de títulos que, realmente,
nao têm nos escritores que os assinam, os seus verdadeiros autores. São mentiras para-literárias. É
que por preguiça
ou por falta
de talento ou jogada editorial, há pseudo-autores que contratam um escritor-fantasma a
quem expurgam a identidade e se servem desse construído anonimato, para assinarem a sua pseudo-obra. São imensos os casos já
conhecidos. Escrevem autobiografias de jogadores da bola e até, pasme-se, teses
de doutoramento.
Outros autores há, bons uns e
fraquinhos outros, que fizeram o seu nome na praça e vendem como se não
houvesse amanhã. José Rodrigues dos Santos é um deles. Ele
que, a propósito do seu mais recente livro diz, modesto, ser a coisa-literatura
que ele precisa de ler. Que, porque não encontrava nos
outros escritores estímulo
semelhante, obras que
o entusiasmassem, começou
a escrever ele próprio
os livros que gostaria de ler.
Eu acho
muito bem. Não li nenhum, mea culpa mea cilpa, mas muitos deles escusava de
editar. Mas isso são
contas para outro rosário.
Não
será Rodrigues dos Santos, felizmente, a escrever sobre as vitórias do ABC e do sporting de braga, mas
alguém devia dar um passo em frente.
A festa do ABC prosseguiu e este
domingo, quando cerca de 40 mil pessoas festejaram a vitoria academista,
manfestando-se em frente à assembleia da republica.
(...)
Ah, não tem nada a ver?
Ah, claro. Os colegios privados. É
que há em portugal, por estes dias, uma verdadeira peste amarela e às vezes
isso confunde-me. Na verdade, talvez não se possa
chamar, com legitima propriedade, peste. Há uma tonalidade que sobressai. Daí a…
(...)
A este propósito, devo dizer que
sou um feroz defensor da escola pública. Da escola grosso modo e da pública
particularmente. Como da saúde. Sou, alias, por defeito, defensor da coisa
pública. Mas não tenho nada contra o ensino privado, atente-se. Deve ser
auditado como o público e, se lhe for reconhecida competência, autorizado. Mas
priviligeando sempre a escola pública de que todos somos donos. Tal como ainda
consta na Constituição, aliás. E esta convulsão preocupa-me, como não podia
deixar de ser. Não por pena dos donos das escolas. Preocupa-me, outro sim,
a instabilidade que a medida do governo, com a qual concordo, pode provocar nas
familias dos professores, afinal o elo mais fraco desta equação, os que vêm a sua
escolha diminuída e, muitos deles, o desemprego como porta de saída. E gostava, acerca
disto, demonstrando consciência social, de ouvir uma palavra, por exemplo, dos colégios e dos seus donos,
garantindo os postos de trabalho. Mas acho que, desse lado, e
nessa matéria, será o silêncio a imperar.
Entretanto, hoje continuará, ou
não, a manifestação desta febre amarela. O ABC joga em braga, outra vez contra
o benfica, a decisão do campeonato nacional de andebol. De hoje nao passa. O
jogo é às nove da noite. No Flávio Sá Leite.
Eu não sou o Cristiano Ronaldo,
mas parece que também estou a ter uma visão. Se logo à noite me virem de t-shirt amarela
vestida, não é o que pensam...