quarta-feira, julho 23, 2014

o pau seguro e as costas

Sem querer fazer juízos de valor, diz o povo, e com alguma propriedade, que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
Diz isto o povo a propósito, ou tendo como ponto de partida, a coisa mais básica, mais literal que se pode extrair desta expressão. Que enquanto o pau, depois de bater, ganha balanço para a próxima pancada, as costas descansam, relaxam o que tiverem de relaxar, até receberem a pancada seguinte.
A expressão, usada em sentido político e, mais concretamente, em sentido socialista, já é outra loiça.
Vencidas as ultimas eleições europeias, uma espécie de vitória de pirro como alguns comentadores se apressaram a dizer, eis que o PS entrou em disputa interna para saber quem era o camarada mais capaz de vencer passos coelho. Não o que era mais capaz de ser primeiro ministro. Governar com mais decência o país, não, isso era pedir demais. Nem tão pouco isso importa, valha-nos Deus. O que importa, divergindo de Cesariny, é quem é capaz de, no corpo a corpo, no frente a frente, arrancar o pelo ao coelho.
E nessa luta, seguro sente-se inseguro, e consta que tem razões para isso, enquanto que costa lá vão andando de costas ao alto, gozando o estado de graça em que parece ter mergulhado.
A verdade é que dentro do PSD também a luta parece inevitável. O inenarrável rui rio, como quem não quer a coisa, pé ante pé, lá vai fazendo o caminho, mostrando a perna aqui, o decote acolá, e pela calada, perfila-se como o salvador da pátria, o tipo sério, que sem projetar muito foi fazendo, capaz de fazer o que coelho promete mas não faz.
Ou como em política, o caminho faz-se em círculos, caminha-se a direito, sabendo ou não sabendo que o corpo se inclina para um lado qualquer, que somos criaturas desequilibradas, e que, por isso, querendo ou não querendo, acabamos por chegar ao mesmo rasto, repetí-lo ad nauseum, até nós darmos conta dos nossos próprios pés tatuados no saibro.
Há uns anos, ficou claro, desde logo pelos debates que protagonizavam na SIC notícias creio, que Sócrates e Santana Lopes haveriam de comer o pó que um deles faria, não importando que fosse a frente ou atrás. E degladiaram-se. E Sócrates levou a sua avante, ainda que com os resultados que se sabem.
De igual modo parece escrito nos astros que rio e Costa se haverão de bater pelo mesmo púlpito, e esse púlpito será a administração executiva do país. Depois dos abraços autárquicos que uniram as cidades de Lisboa e do Porto, a guerra pelo palácio de s. Bento.
Entretanto, a luta parece adiada porque há um pau a ser bramido contra as costas de seguro, ainda que quem efectivamente folga, são as costas de rio. E as de Costa, claro, que por enquanto não leva com a régua.
Lá chegará o tempo.
Seguro, vendendo cara a derrota, gostaria muito mais de ter um Agosto calminho, não com o pau de Costa a marcar-lhe os costados, mas sim a usar o sol para lhe deixar no lombo,mas marcas dos calções.
Mas não se pode ter tudo.

Boas férias e nada de escaldões.
Nestes dias carregados de futebol e do campeonato mundial que pelo Brasil se vai desenrolando como manta cara em cima de terra batida, e mais ainda depois do afastamento do brasil perante a alemanha por escassos sete a um, por cá invoca-se o espírito santo, o de orelha principalmente, para que nos livremos da crise que está quase a chegar trazida pelo Banco com o mesmo nome.
Sabia-se, diz-se agora, - ou seja, sabia quem sabia, - que a família espírito santo e, mais em concreto, o seu chefe, Ricardo, não o coração de leão mas o que mandava no país, conhecido pelo petit nom 'o que mandava nisto tudo', tem o trono todo armadilhado, carcomido pelo caruncho da dívida, do poder embainhado e às vezes em fio, sendo que o caruncho desta madeira, tem o corpo do tiranosaurus rex num filme chamado 'querido, encolhi os miúdos'.
Na verdade, já há muito se sabe que quem realmente manda no país não é o governo, mas uma entidade qualquer, europeia, superlativa, cagona. Tudo se decide fora do luso-tradicional eixo do poder tuga; o que se sabia menos bem é que essa entidade, ou entidades, ou grupos de interesses à escala europeia, interesses globalizados têm, no intervalo das pingas, muitas outras entidades, cujos interesses importa defender muito mais que os interesses do país, que estão todos eles subordinados a esses interesses intermédios e intermediários, e são eles que importam, grosso modo, é a eles que deve ser dada resposta, mesmo que a resposta seja ‘que se lixe o mexilhão’, que neste caso, somos todos.
Enquanto a bola é chutada para a frente nos campos brasileiros e em cinco minutos se marcam cinco golos, por cá, comentada com detalhes de minúcia pornográfica, grande plano do mete e tira, a musica e os músicos vão-se salvando da lei da morte, vendo os seus esforços reconhecidos além fronteiras. Carlos do Carmo foi premiado com o grammy pela carreira, depois de há uns anos ter sido a vez de Elisabete Matos, a cantora lírica de braga, a ter sido reconhecida, reconhecimento esse já esquecido pelos jornalistas que, valorizando o prêmio atribuido a Carlos do Carmo, e ainda bem, disseram ter sido ele o primeiro português a ser agraciado.
Cavaco Silva e o seu staff não viu nada, ou pelo menos viu menos, não soube de nada, chutou para canto, desmaiou outra vez nos braços do chefe de estado maior general das forças armadas, olhos pestanítidos apaixonados...
Tudo isto ao mesmo tempo que as bananas do spermercado lidl começaram a dar cocaína. Ora aí está, creio, uma boa saída para o país. Boa e limpa. Se for pura. Gesto empreendedor este, que põe as bananas do lidl muito para lá do magnésio. Muito boa gente esgotou o stok de bananas à espera que lhe saísse uma premiada. A felicidade que não iria ser, caramba, num cacho verde de bananas, receber a verdadeira banana, que em vez de ser comida deveria ser cheirada, com casca e sem ela, mais profundamente sem casca, claro, mas subrepticiamente com a dita cuja, para durar mais, ter banana mais tempo.

O Brasil afinal perdeu por quantos?