quarta-feira, fevereiro 16, 2011

os mais papistas que o papa

Circulam mail’s entre os trabalhadores ofendidos pela redução salarial, incentivando-os à revolta e à oposição activa. E eu não sei se este movimento, que é – curiosamente - realizado à margem dos sindicatos, não será coisa para ser levada a sério. Eu sei que há sindicatos que estão activos, que são mobilizadores, mas sinto também que muita da luta que acontece e se prerara para acontecer, será realizada à margem deles, ou para lá das suas organizações.

As reduções salariais obrigatórias, também conhecidas em economês por crescimento negativo, são agora acompanhadas em inúmeras instituições, (eu creio que em todas porque a lei quando é realizada não selecciona os cidadãos) por uma obrigatória declaração salazarenta, pidesca, de informação adicional de outros abonos que o trabalhador usufrua, um part-time por exemplo, uma coisa qualquer. Todo o dinheiro ganho onde quer que seja tem agora de ser declarado, não apenas ao fisco, mas também à entidade pública onde o trabalhador presta serviço. Por exemplo, um administrativo que faça contabilidade para alguns amigos e ganhe algum dinheiro com isso, deve declará-lo à empresa pública para quem presta maioritariamente serviço. Um professor, se ganha por fazer conferências aqui ou ali, tem de declarar esses remanescentes à sua instituição. Não se compreende muito bem para quê nem porquê. Nem sei se os apostadores bolsistas têm e declarar mais valias...

Compreende-se que haja uma certa vertigem do governo português, e da máquina de administração pública, em calar os focos de destabilização que vão sentindo medrar aqui e ali. Com Guterres, se bem se lembram, as coisas resolviam-me com diálogo, numa comiseração baixinha que não levava a lado nenhum, uma espécie de anestesiamento que foi cumprindo o seu papel. Foi assim que se foram calando as vozes que contestavam isto e aquilo e se foram adormecento as revoltas que, estremunhadas, à margem do anestesista iam sendo despertadas, até serem adormecidas de novo. E é assim, um pouco por força dessa política, que se tem mantido mais ou menos activa através dos diversos discípulos que Guterres terá deixado perdidos no aparelho socialista, que as coisas se têm aguentado, potenciando os brandos costumes, em oposição ao ‘’levantai hoje de novo, o qualquer coisa de portugal’’. Sócrates é um desses pequenos clones deixados no Estado. Diz que sim, mas faz assado. Afirma convictamente uma coisa e faz outra. Mas, cada vez mais, o que faz é muito mais barulhento que o que diz. E essa desconformatação, qual caruncho politico, roer-lhe-à a perna da cadeira. O seu próprio pezo, depois, fará o resto. O tombo é garantido.

domingo, fevereiro 06, 2011

revoluções

O mundo está virado ao contrário, em aparente polvorosa.

As diversas manifestações de insatisfação que acontecem à escala global, parecem porem não surtir efeito aqui em casa. Apesar dos sinais que o chamado POVO tem vindo a libertar - um suorzinho frio agora, uma tontura depois -, seja através de uma cada vez maior ausência nos actos eleitorais, sejam manifestações várias de cariz social, (a pobreza até aqui encapuzada pela vergonha, entre outras razões, é agora mais visível que nunca), e sei lá que mais, é informação pouco interessante para a classe dirigente que segue o seu caminho, autista e incapaz de ouvir o que quer que seja.

E um pouco por todo o mundo, as coisas desabam. Foi França talvez a primeira a dar os primeiros sinais, uma revolução quase juvenil, que levou a capital Paris a ficar sobre brasas; agora as notícias falam-nos do Egipto e demais países ali naquela zona. Algumas das manifestações mais violentas que outras, bem entendido. A dureza de cada uma delas pode já ser medida segundo o número de mortes produzidas. A macabra contabilidade vai-se fazendo, ainda, pela classe dirigente, que afinal as revoluções querem-se feitas com sangue e há gente que quer oferecer o seu, para que ela, a revolução, siga a sua marcha triunfal e vingue. E há mães que choram os seus filhos, pois, mas que se orgulham deles pela dádiva que protagonizaram.

Por aqui as coisas parecem estar calmas. Calmas demais para serem verdade. Por muito que sejamos um país e um povo de brandos costumes, importa que a classe política ponha os olhos no que se está a passar um pouco por todo o mundo. Este corte nos salários dos funcionários públicos, não há-de ser o impulso para coisa nenhuma, desacredito, mas o aumento do preço do pão… ou outra coisa mínima, que aparentemente não pareça ter em si a força e a brutalidade de uma revolução. Mas sera por aí, tem sido sempre assim, que as coisas hão-de começar. E se se pensa que neste extremo ocidental da europa as coisas ficam sempre um pouco desfocadas, tirem daí o sentido.